sexta-feira, 27 de julho de 2012

Juliana, ou seria Maria Julia...


Hoje foi a abertura da Olimpíada de Londres.
Para mim, um momento emocionante. Não pelo entusiasmo que eu tenho por alguns esportes ou pelo legado do Barão de Cubertin, mas por questões pessoais que transcendem ao espírito olímpico que, apesar de tudo, está marcado em minha vida.
Lembro como se fosse hoje o dia 13 de agosto de 2004, uma sexta-feira, sim uma sexta-feira 13. Minha primeira filha veio ao mundo e, ainda na sala de recuperação, ao lado da cama onde meu sonho se alimentava no seio de meu grande amor, eu assistia a abertura da Olimpíada de Atenas.
Quatro anos depois, novo ano olímpico, e uma semana após o encerramento da Olimpíada de Pequim, nascia minha segunda filha.
A paternidade seguia planejada. A diferença de quatro anos parecia boa e meus planos seguiam em minhas mãos, apesar de termos tido uma gestação que não chegara ao final entre a Ana Carolina e a Giana.
Seguiu-se o tempo e pensamos em ter mais uma criança. Planejamos, calculamos e executamos. Perfeito! Ano olímpico e teríamos nosso terceiro filho. Éramos os “reis” do planejamento natural da família. Eu poderia encher a boca e dizer que teria mais uma “medalha de ouro” em ano olímpico. Alvoroço na família, felicidade para todos e o sentimento de que planejávamos a nossa vida e que ela estava sob nosso controle.
Planos de assistir a abertura da Olimpíada de Londres no hospital!
Entretanto, como a lembrar-nos que não somos senhores de nossas vidas, Deus, que também precisa de anjos novos e puros para lhe fazerem companhia, levou nossa Maria Julia ou Juliana (nomes dados pela minha filha mais nova) ainda com semanas de vida e no ventre de sua mãe.
Foram momentos de tristeza e de procura de sentido que rapidamente nos foi apresentado por aquele que é o Senhor da Vida.
Lembro como se fosse hoje as crianças aos prantos pela perda daquela vida, e eu abraçando minha filha mais velha e dizendo a ela que Deus guardava coisa melhor para nós! Ainda que não pudesse como homem acreditar piamente no que dizia diante da dor imensa que sentia, meu coração colocava estas palavras em minha boca a consolar minha pequena Ana Carolina.
Hoje, portanto, foi um dia de reflexão e saudade para mim.
Minha filha mais velha (7 anos) ao ver-me emocionado frente à televisão indagou-me o motivo. Respondi que era pelo fato de que por estes dias nasceria o bebê que perdemos. Ela então perguntou como podia chorar por alguém que não conheci. Lembrei, então,  de uma música que marcou minha adolescência e que falava em “saudade do que eu ainda não vi”.
Não preciso ver para amar. O amor transcende a visão.
Hoje, apesar da saudade, tenho certeza que Deus tem guardado o melhor para mim, inclusive quando, através dos acontecimentos, lembrou-me que não tenho o controle de minha vida nem de meu futuro.
Com certeza Ele está guardando algo melhor para nós! Deu-nos o Mateo e nos dará muito mais! Basta combatermos o bom combate e confiar Nele!