Eu tinha pouco mais de três anos quando ela nasceu. Naquela
época eu não tinha consciência plena do que eu era e do que era a vida.
Descobria o mundo a minha volta, desbravava os cômodos da casa, temia moscas
(típico guri de apartamento), recebia todo o cuidado que necessitava de seres
gigantes a quem chamava de vó, mãe e mano... Nada me faltava e não temia o
futuro.
O tempo foi passando e as coisas mudando... As moscas já não
eram um problema. Havia os compromissos escolares, as pequenas tarefas de casa
e comecei a conhecer o medo. O medo de perder quem amava, de ser abandonado, de
não saber o que esperar o futuro.
Nestes tempos nebulosos de pré adolescência e adolescência,
de pequenas conquistas e grandes perdas, conheci de uma maneira mais consciente
a Deus. Mas era difícil diante daquele turbilhão de acontecimentos e mudanças
senti-Lo, compreender o Seu Amor e ver sentido em uma vida pretensamente
desordenada e fora dos padrões sociais...
Um dia, então, em sua bondade infinita, Ele mais uma vez
olhou para mim e com a compreensão das dificuldades que eu vivia, tendo
compaixão daquele menino-homem que não conseguia amar e entender o Amor
Divino, mostrou-me alguém que poderia ajudar-me neste sentido.
Era uma quarta-feira de inverno. Uma calça jeans manchada,
uma blusa de lã preta de gola alta e os ombros mais lindos que eu já vira, sim
fiquei fascinado pelos ombros (Deus usa de artifícios jamais esperados para nos
mostrar o caminho certo), e aquela menina chamou minha atenção e, depois, a
história seguiu, com altos e baixos, cujo capítulo relevante mais recente se
chama Martina...
Lembro isto para celebrar hoje o nascimento daquela que faz,
a cada amanhecer, eu entender o sentido da minha vida e o quanto Deus me ama.
Hoje a mulher que me sustenta como pessoa, como pai, como
homem... para a minha alegria, completa mais um ano de vida. Minhas conquistas
são dela. Sou melhor hoje, porque ontem ela teve paciência comigo e me passou
mais um ensinamento que eu desconhecia... Aprendo todos os dias com ela... Com
ela sorrio e é em seu colo que choro...
Ela não me abandona e segue sempre ao
meu lado, apesar de mim, dos meus defeitos e de minhas manias...
Mas
isto é o amor... Ver uma pedra preciosa onde os outros só veem uma rocha... É,
eu sou a rocha. Bruta, dura, disforme e sem relevância no meio de tantas outras
na montanha. Mais um pedregulho no meio do deserto. Talvez eu nunca seja um
diamante ou talvez nem sequer uma joia barata usada como adereço em uma
fantasia popular de carnaval, mas sou a pedra mais feliz do mundo porque sou
amado por ela como se fosse único, especial, o eleito....
Infelizmente, como pedra, na maioria das vezes não consigo
retribuir o amor e a generosidade a mim dispensados. Mas isto a torna uma
pessoa mais especial ainda, pois ela é a linda mulher, a maravilhosa esposa, a espetacular mãe que é, porque sua natureza é
assim e não porque possa ganhar algo em troca de mim que, apesar de todos os
esforços, não chego aos seus pés.
Feliz Aniversário minha Letícia, do latim “laetitia”!
Dizem que o nome da pessoa indica sua missão... se for assim, ela tem sido
cumprida sem ressalvas pois tens feito minha vida muito mais alegre e feliz a cada momento!
E, neste dia de festa, tenho um pedido a fazer, um pouco
egoísta confesso: que Deus te dê vida longa, pelo menos quinze minutos mais
longa que a minha para que eu não tenha que sofrer a dor de perder-te e para
que possas ter tempo suficiente de rogar aos céus por mim, já que anjos
especiais como tu têm preferência em suas preces junto ao nosso Pai Celeste.
“Não sou feliz pelo que tu és, mas pelo que eu
sou quando estou contigo!”