sábado, 12 de agosto de 2017

Lembranças

Lembranças, não tenho…
Olhei para trás e não te vi…
Te procurei na multidão e não te encontrei…
Esperei teus abraços e encontrei o vazio…
Ansiosamente meu coração quis sentir o teu amor e….

E decidi que o coração é feito para amar e não para guardar mágoas… Que a vida é feita para se viver o presente e se preparar para o futuro sem se estar preso nas dificuldades do passado…

Hoje, quero ser lembrado pelos meus filhos…
Quero que eles me achem no primeiro olhar…
Esforço-me para que jamais se sintam sozinhos…
Abraço-os e beijo-os a cada momento que posso….
Amo-os intensamente a cada amanhecer, longe ou perto…

Há várias formas de se conhecer e sentir o carinho de um pai, e eu conheci e senti a cada notícia de gravidez da Letícia…

Ana Carolina, Giana, Martina, Pietro…. Quem disse que amor não tem nome? Quem disse que bebês e crianças não podem ensinar os adultos? Estas quatro preciosidades, há treze anos, todos os dias, me ensinam a ser um homem melhor… a curar minhas feridas… a acreditar na vida e vivê-la cada dia mais intensamente!

Me ensinam a ser pai!

Em cada nascimento a mesma certeza de que eu deveria virar o jogo da minha vida em relação ao passado... deveria ser um pai presente, ser o super heroi que incentivaria eles a romperem seus limites, a serem seguros, ser o seu farol…. Mas a tarefa não tem sido fácil, tenho falhado muitas vezes… É difícil ser um pai quando não se teve um modelo… É difícil ser um porto seguro quando andamos à deriva em um mar sem farol… É difícil ter a paciência com os filhos quando gastamos ela esperando o encontro que jamais ocorreu…

Mas o amor deles, seu sorrisos, seus abraços, seus olhares, me dão força dia a dia para continuar, para levantar das minhas quedas, para continuar tentando ser um pai melhor…

Não é porque tivemos dificuldades com nossos pais que devemos reproduzi-las em nosso lar… Podemos mudar o jogo, podemos ser melhores e criarmos pessoas melhores… E pessoas melhores farão um mundo melhor...

Só depende de nós…. de nossa presença física e afetuosa… de nossa atenção para com nossos filhos… Só depende de que os amemos e que façamos eles sentirem isto… Enfim, como sempre, só depende do AMOR...

E que neste dia dos pais não percamos a esperança na vida e perdoemos o passado! Lucas, Feliz Dia dos Pais, meu querido e amado Pai! Que Deus esteja te guardando para sempre!

quarta-feira, 19 de abril de 2017

A baleia azul, as 13 razões e os órfãos de pais presentes


Com todo o respeito que as pessoas merecem, o jogo da Baleia Azul e o seriado 13 Reasons Why estão sendo, na realidade, um salvo conduto para aqueles que um dia quiseram ter filhos, mas esqueceram que as crianças precisariam de pais e mães e não meros reprodutores.

Estas pessoas acharam que, após plantar uma árvore, escrever um livro etc, completariam mais um “desafio” da vida (não da Baleia Azul) ao ter filhos, sem se preocupar em cria-los.

Se uma criança/adolescente comete suicídio não é porque uma série de TV trata do assunto ou porque existe um “misterioso” jogo nas redes sociais que a induz a tirar sua própria vida.

É porque está psiquicamente transtornada.

E que pai e mãe, efetivamente presentes na criação dos filhos, não percebe que algo está errado? Aqueles que criam órfãos de pais presentes.

É patético o nível das mensagens que tenho recebido ultimamente sobre o tema.

“Falem com as crianças para não aceitarem balas, nem nada na escola nem na rua.” Precisa o desafio da Baleia Azul chegar em 2017 para você ensinar o que sua bisavó já lhe dizia lá nos anos 70?

“Cuide se seu filho não está se auto mutilando com cortes”. Será que se não houvesse um alerta nas redes eu não me preocuparia se visse estas lesões em meus filhos?

“Fique atento se seu filho sai de casa em horários estranhos, principalmente de madrugada.” Se eu cuido dos meus filhos, sei a hora que ele sai de casa e ele sai de casa a hora que eu deixar. Se eu achar que o horário é estranho, ele não sai, não por causa da baleia azul, mas por que eu e minha mulher é que mandamos na nossa casa.

“Cuidado se seu filho fica muito tempo na internet.” Como se a baleia azul fosse a pior coisa que existe na internet e se eu não tivesse a obrigação de limitar o uso deste recurso em minha casa.

Este “auê” que envolve o assunto nos últimos dias só demonstra a fragilidade das famílias atuais que não têm pulso na educação dos filhos e não controlam adequadamente as crianças e os adolescente pelos quais são responsáveis.

Estamos na era das famílias permissivas que cada vez mais se ausentam da sua obrigação de educar, franqueando aos jovens coisas que não lhe pertencem. Quantas de nossas crianças já tem contas abertas em redes sociais, com a autorização dos pais, tendo que MENTIR sua idade para cadastrar-se, uma vez que ainda não completaram tempo mínimo de vida para poderem  ingressar em Facebooks e Twitters da vida? Onde estavam seus pais? Ensinando-as ao burlar o sistema? Ou tacitamente concordando com que ela entrasse em um mundo no qual nem seu criador acha que seja adequado a uma criança?

Desculpem-me o desabafo, mas faltam pais que eduquem os filhos com um bom chinelo Havaiana, criem seus filhos de acordo com as suas convicções e não como os outros acham certo, não se preocupem com o que os outros vão dizer, deêm limites e MANTENHAM UM DIÁLOGO.

Sim, porque mais fácil do que conversar com seus filhos é dar a eles um tablet, um celular, um computador ou coloca-los na frente da TV, de preferência no quarto deles, para que possamos seguir nossa vidinha comemorando a árvore que plantamos, o livros que escrevemos e o filho que tivemos...

Quanto ao seriado, eu vi todo, fica claro que todos os jovens envolvidos na trama, seja a menina que se suicida, seja os demais que são citados nas fitas, não têm pais. Ou não há diálogo, ou há abandono, ou há verdadeiros bananas sem pulso a quem chamam de pai e mãe... Em suma, famílias sem valores!

É claro que depressão é uma doença que merece toda a nossa atenção e pode levar ao suicídio. Por isto, e não por causa da Baleia Azul ou das 13 Razões, é que devemos estar atentos àqueles que nos cercam, principalmente nossos filhos, para que possamos perceber algum sinal desta moléstia.

E que fique claro, se uma dos meus filhos se mutilar ou tirar a própria vida, do que Deus me livre e guarde, pois pai nenhum (nem eu) merece uma tragédia desta, a culpa não será da baleia azul ou do Netflix, mas sim minha que não percebi o que acontecia na minha própria casa e não cuidei adequadamente do bem mais precioso que Deus me deu, quando quis que eu fosse partícipe da sua criação.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Solidão ou Liberdade?


Estes dias li uma postagem em uma rede social na qual um amigo, solteiro, em um fim de semana, apresentava uma foto, provavelmente da sala de sua casa, na qual aparecia uma garrafa de vinho, alguns livros sobre a mesa e a pergunta: "Solidão ou liberdade?"

Justa reflexão que, já antecipo minha opinião sobre, não tem resposta absoluta e idêntica para todos. Dependerá do sentimento de cada um frente a este questionamento.

Particularmente, tenho minha resposta.

Com minha mulher e minhas filhas na praia enquanto trabalho em Porto Alegre, a calma da casa está longe de ser uma benção que liberta das correias do casamento e da paternidade. É para mim a solidão daqueles que encontraram a liberdade nos braços de quem amam, porque amam livremente.

A liberdade de estar só é muitas vezes a escravidão do próprio eu.

Chegar em casa e não encontrar ninguém leva a reflexão que ter uma casa não é ter um lar, ter conforto não é ter afeto, ter silêncio, necessariamente, não significa paz.

O café solitário não tem o mesmo sabor daquele que se toma ao lado de quem se ama...

Aquela série cômica não tem a mesma graça quando não se ouve a gargalhada da mulher amada ao seu lado...

A cama quente e confortável torna-se um latifúndio sem sentido...

E a ausência das crianças, que "enchem uma casa", é notada em cada passo. O vazio da casa também esvazia a alma.

E, a cada momento canções me vem à cabeça lembrar a saudade que sinto:

"...dos meus filhos eu sinto saudade..."
"...aqui onde as horas não passam..."
"...fiz um mate mais comprido porque sei que ela não vem..."
"...não vejo a hora de te encontrar..."
"...no silêncio da noite, eu fico imaginando nós dois..."
"...me haces falta, muita falta, no se tu..."
"...eu conto as horas pra poder te ver, mas o relógio está de mau comigo..."

Deito na cama ao fim do dia e, por reflexo condicionado, penso: vou chamar as crianças para a oração da noite... Mas esta noite será somente eu e Ele.  Resta-me agradecer a Deus por ter uma família linda, amar meus filhos e minha mulher, e sentira a falta deles.

E ao fim do dia, para que o sono e a hora do reencontro chegue logo, socorro-me a Nando Reis e adormeço cantando "...espero que o tempo passe, espero que a semana acabe, para que eu possa te ver de novo...".





segunda-feira, 30 de janeiro de 2017

MARCAS

Estivemos no litoral no último fim de semana, na casa dos meus sogros, "visitando" nossas filhas mais velhas que aproveitam as férias com os seus amados avós que não medem esforços para tornar a vida delas mais fácil e mais feliz.

Minha filha Giana, 8 anos, contou-me que havia acordado para ver o sol nascer. Discorreu sobre sua capacidade de madrugar e de como os outros dormem muito, o que não ocorre com ela.Coisas de criança que está aprendendo a contar o tempo e fantasia todos os eventos, por mais singelos que possam ser. 

Com ela em meu colo, após ouvir o seu relato, disse-lhe que no próximo dia que ela acordasse cedo para ver o sol nascer, se eu estivesse na praia, ela me convidasse que eu seria seu parceiro como admirador da aurora que surgiria.

Segue o dia, levo minha filha Martina, quase 4 anos, ao mar. Possivelmente ela não lembrava do mar do verão passado ou, talvez, pela sua idade naquele momento anterior o banho não tenha sido tão emocionante com enfrentamento de ondas "enormes" (maiores que ela) e "lá no fundo" (para ela é, claro). Foram uns 30 minutos de êxtase e alguns litros de água salgada ingeridos, para ela. Para mim, a felicidade de ser companheiro de minha filha mais nova em um típico "programa de pai e filha", afinal era fim de tarde e somente nós fomos à praia.

Retornando à casa, contei para a Letícia sobre a felicidade dela ter ido ao mar comigo (como se fosse a primeira vez), como se divertiu e como isto me deixou feliz como pai por poder estar lá, neste momento ímpar, com a minha filha. 

Minha mulher, sábia que é, disse: "estas coisas marcam para sempre os filhos".

Fiquei com isto na cabeça, pois no dia a dia, muitas vezes não damos a atenção necessária aos nossos filhos. Adormeci pensando o quão importante é deixar marcas positivas a estes presentes que Deus nos deu.
Tão logo fechei os olhos (e parecia que os tinha fechado a pouco), senti uma mão leve em minhas costas e uma vozinha de fada que me disse: "Pai, o sol vai nascer. Pediste para eu te acordar!"

Abri os olhos e, no ambiente ainda meio escuro, vi a minha doce Giana. Olhei o relógio que marcava 05:50hs, era domingo, e não tive dúvida: "Gi, é muito cedo! Volta para a cama e me acorda mais tarde!". Virei para o lado e ouvi seus passos na escada (dormimos no segundo andar e ela no térreo).

Neste momento veio a minha mente as palavras de minha esposa: "estas coisas marcam para sempre os filhos".

Levantei, coloquei um casaco e desci as escadas. Fui ao quarto dela. Ela estava sentada olhando para fora, certamente esperando o sol nascer, o qual só veria quando este estivesse alto, pois há um muro no final do pátio para onde dá a janela.

Disse que colocasse uma roupa quente pois iríamos ver a aurora na sacada do segundo andar. Subimos, acomodamos as cadeiras, nos enrolamos em um edredom para nos protegermos da brisa fria da madrugada e esperamos o astro rei que não chegou.

Um paredão de nuvens densas no horizonte impedia que víssemos o nascer do sol, mas conseguíamos ver a força de seus raios colorir aos poucos escuridão.

Falamos sobre como a terra gira, qual seria o horário na China naquele momento, como o mundo é redondo, no sonho de vermos um dia a aurora boreal e que aquela, sendo no sul, seria austral... Enfim, fizemos um "programa de pai e filha" recheado de uma longa conversa na qual, mais do que palavras, trocávamos amor e afeto. 

Mais uma vez fiquei realizado. Consegui ser um pouco pai ao invés de ser apenas um homem que tem filhos.

Se ela ficou marcada pelo nosso encontro, não sei! Mas eu, com certeza, fiquei!

Ah, e o sol? Não, ele não apareceu. Diante de sua ausência e uma vez alimentada a alma, fomos alimentar o corpo e, é claro, continuar nossa conversa de "pai e filha".