quinta-feira, 16 de maio de 2013

Eternidade



Li estes dias na internet notícia de que um bilionário de 32 anos de idade, de nome Dmitry Itskov (pesquise este nome na internet se duvida), estaria investindo em pesquisas pare fazer o upload seu próprio cérebro para uma máquina e tornar-se imortal até 2045.

Fiquei pensando na eternidade e na ânsia que o homem tem de se tornar eterno a qualquer preço em um sentimento de vaidade que quer transcender a sua própria existência.

E neste caso não estou falando em perspectiva espiritual, mas em uma eternização física.

Em diferentes graus, todos nós temos medo de sermos esquecidos, ou melhor, de não sermos lembrados.

Com um bebê de menos de três meses em casa, muitas vezes me pego orientando minha esposa e minhas filhas mais velhas, em caso de minha falta prematura, de contarem à pequena Martina quem era seu pai e, claro, destacarem minhas qualidades (jamais meus defeitos).

Lembro de um livro que li, A Lição Final , de Randy Pausch, em que o autor, sabedor de ter contraído uma câncer de pâncreas que o conduziria à morte, dentre outras realizações, decide levar seu filho Dylan para nadar com os golfinhos, porque segundo ele “Uma criança não esquece facilmente que nadou com golfinhos”.

Na verdade era a necessidade de tornar o seus momentos com seus filhos tão marcantes para que estes guardassem uma lembrança dele. Nada mais que a necessidade que temos de ser eternos.

Somos assim, buscamos não sermos esquecidos.

Perdi meus pais cedo e o mês de maio me remete, com muita força, ao sentimento de saudade de minha mãe.

E a temática aqui abordada não surge por acaso, mas em razão de uma postagem de minha tia que, com a sensibilidade que lhe é peculiar, marcou-me no facebook postando um vídeo que segundo ela era uma das músicas prediletas de minha mãe.

No curto espaço de tempo que convivemos, minha mãe não teve tempo de me falar de seus gostos musicais, havia informações e orientações mais relevantes a serem trocadas. Mas por mais estranho que pareça, ou talvez não tenha nada de estranho, não me lembrava de conhecer ou ter ouvido a referida música antes, mas ao escutá-la foi como se a conhecesse a tempos, gostasse dela e a melodia fizesse parte de minha vida.

Naquele momento, percebi a eternidade de minha mãe em meu coração e, de certa forma, a eternidade de quem lhe apresentou esta canção. Talvez minhas filhas, no futuro, não se lembrem de sua avó paterna que não conheceram e só tiveram contato através das histórias contatadas por seu pai. Mas ao lembrarem de seu pai, lembrarão, mesmo sem saber, indiretamente de sua avó, uma vez que eu sou fruto desta mulher e de seu amor, e por sua vez de seu bisavô materno, que nem seu pai conheceu, mas que participou na formação de sua mãe e por consequência na formação de seu pai.

Enquanto Dmitry investe sua fortuna no upload de seu cérebro, eu prefiro investir no upload de meu coração amando os que me rodeiam para que eu me eternize em suas vidas, na sua mente e na sua descendência, ainda que esta jamais saiba quem eu sou. Afinal de contas, a semente só brotará se morrer.


sexta-feira, 3 de maio de 2013

Os bons morrem jovens



É engraçado... os  bons morrem antes!

Não porque a sua ida seja prematura, mas porque nunca é bastante tarde para nos deixarem...

O tempo passa, as coisas mudam e a gente espera que a saudade vá embora, mas quando menos esperamos ela nos surpreende e senta ao nosso lado como uma antiga conhecida.

Quando menos esperamos olhamos para os nossos filhos e seu olhar está lá... E olhamos um filme, uma cor, um doce... e a lágrima escorre porque eles avivam a lembrança...

Por que não podemos estar juntos? Por que não pudeste me conhecer como homem? Por que não tens minhas filhas em teu colo?

Sei que muito provavelmente guarde uma imagem distorcida da infância e hoje a convivência não seria tão amistosa... Mas mesmo sabendo disto me fizeste falta... e ainda faz!

Mas é a vida... Ficam a saudade, as lágrimas, mas sobretudo o amor com que me amaste e através do qual aprendi a amar.

Só queria dizer que te amo e que és eterna, pois penso em ti a cada dia ainda que eu já tenha vivido o dobro do tempo na solidão de tua falta em relação ao que vivemos juntos...

Mas apesar de efêmero, cada minuto valeu uma vida, a minha vida! Fica com os anjos, fica em paz...