Ontem passeando no “shopping” com minhas filhas chamou a
atenção da mais velha, de nove anos, uma enorme televisão. Ela mostrou-me a
vitrine estupefata com aquele objeto de consumo!
Dei-lhe a atenção de sempre nestes momentos e comentei com
ela que aquela televisão custava o preço do carro de nossa família. Poderíamos
vender nosso carro e comprar aquela “maravilha” (é bem verdade que teríamos que colocá-la no
pátio pois não caberia em nossa sala).
Ela olhou-me e, de plano, disse: “não, não vale à pena! Só
um burro faria esta troca!”
Oba, pensei! Uma excelente oportunidade de conversarmos
sobre o respeito aos outros e à diversidade de opiniões e ideias.
Eu e minha esposa, então, explicamos a ela que não havia
nada de “burrice” em fazer a troca do carro pela televisão, mesmo que não concordássemos com esta atitude. Tratava-se apensa
de uma opinião, diferente da nossa, sobre o que seria melhor para cada um. Questionamos: e se a pessoa não sabe dirigir? E se ela gosta muito de assistir
televisão? E então iniciou-se uma conversa sobre respeito às pessoas e às suas ideias
(como a de trocar o seu carro por um aparelho de tevê).
Além disto, demonstramos que esta troca não traria prejuízo a ninguém, não havendo porque imputá-la como "burra" só porque divergia do que achávamos certo.
As crianças são um campo fértil para o bem e para o mal.
Cabe a nós adultos, mas principalmente aos pais, educá-los com valores e
virtudes para que, quando ocuparem nosso espaço, possam melhorar o mundo em que
viverem.
Em uma sociedade na qual a diversidade de opiniões e pontos
de vista muitas vezes é utilizada como ferramenta para imposição de uma ideia única,
é importante que estejamos atentos às oportunidades que surgem para educarmos o
“futuro”.
De nada adianta interromper uma brincadeira para fazermos
uma preleção sobre o respeito mútuo, a democracia e os valores da vida em
sociedade. Não vai rolar! Temos que aproveitar as mínimas oportunidades.
Ser pai é muito mais do que ter um filho, é, além de outras
coisas, estar 24hs de prontidão para educar.
E como terminou nossa conversa sobre diversidade de ideias? Diluiu-se
em um quiosque de doces sendo trocada pela escolha de formas e sabores
diferentes de guloseimas. Mas, tenho certeza, que mais uma semente sobre a
ideia de respeito foi plantada naquela pequena pessoa e que minha esposa e eu
havíamos um cumprido mais uma pequena parte de nossa missão.