quarta-feira, 19 de abril de 2017

A baleia azul, as 13 razões e os órfãos de pais presentes


Com todo o respeito que as pessoas merecem, o jogo da Baleia Azul e o seriado 13 Reasons Why estão sendo, na realidade, um salvo conduto para aqueles que um dia quiseram ter filhos, mas esqueceram que as crianças precisariam de pais e mães e não meros reprodutores.

Estas pessoas acharam que, após plantar uma árvore, escrever um livro etc, completariam mais um “desafio” da vida (não da Baleia Azul) ao ter filhos, sem se preocupar em cria-los.

Se uma criança/adolescente comete suicídio não é porque uma série de TV trata do assunto ou porque existe um “misterioso” jogo nas redes sociais que a induz a tirar sua própria vida.

É porque está psiquicamente transtornada.

E que pai e mãe, efetivamente presentes na criação dos filhos, não percebe que algo está errado? Aqueles que criam órfãos de pais presentes.

É patético o nível das mensagens que tenho recebido ultimamente sobre o tema.

“Falem com as crianças para não aceitarem balas, nem nada na escola nem na rua.” Precisa o desafio da Baleia Azul chegar em 2017 para você ensinar o que sua bisavó já lhe dizia lá nos anos 70?

“Cuide se seu filho não está se auto mutilando com cortes”. Será que se não houvesse um alerta nas redes eu não me preocuparia se visse estas lesões em meus filhos?

“Fique atento se seu filho sai de casa em horários estranhos, principalmente de madrugada.” Se eu cuido dos meus filhos, sei a hora que ele sai de casa e ele sai de casa a hora que eu deixar. Se eu achar que o horário é estranho, ele não sai, não por causa da baleia azul, mas por que eu e minha mulher é que mandamos na nossa casa.

“Cuidado se seu filho fica muito tempo na internet.” Como se a baleia azul fosse a pior coisa que existe na internet e se eu não tivesse a obrigação de limitar o uso deste recurso em minha casa.

Este “auê” que envolve o assunto nos últimos dias só demonstra a fragilidade das famílias atuais que não têm pulso na educação dos filhos e não controlam adequadamente as crianças e os adolescente pelos quais são responsáveis.

Estamos na era das famílias permissivas que cada vez mais se ausentam da sua obrigação de educar, franqueando aos jovens coisas que não lhe pertencem. Quantas de nossas crianças já tem contas abertas em redes sociais, com a autorização dos pais, tendo que MENTIR sua idade para cadastrar-se, uma vez que ainda não completaram tempo mínimo de vida para poderem  ingressar em Facebooks e Twitters da vida? Onde estavam seus pais? Ensinando-as ao burlar o sistema? Ou tacitamente concordando com que ela entrasse em um mundo no qual nem seu criador acha que seja adequado a uma criança?

Desculpem-me o desabafo, mas faltam pais que eduquem os filhos com um bom chinelo Havaiana, criem seus filhos de acordo com as suas convicções e não como os outros acham certo, não se preocupem com o que os outros vão dizer, deêm limites e MANTENHAM UM DIÁLOGO.

Sim, porque mais fácil do que conversar com seus filhos é dar a eles um tablet, um celular, um computador ou coloca-los na frente da TV, de preferência no quarto deles, para que possamos seguir nossa vidinha comemorando a árvore que plantamos, o livros que escrevemos e o filho que tivemos...

Quanto ao seriado, eu vi todo, fica claro que todos os jovens envolvidos na trama, seja a menina que se suicida, seja os demais que são citados nas fitas, não têm pais. Ou não há diálogo, ou há abandono, ou há verdadeiros bananas sem pulso a quem chamam de pai e mãe... Em suma, famílias sem valores!

É claro que depressão é uma doença que merece toda a nossa atenção e pode levar ao suicídio. Por isto, e não por causa da Baleia Azul ou das 13 Razões, é que devemos estar atentos àqueles que nos cercam, principalmente nossos filhos, para que possamos perceber algum sinal desta moléstia.

E que fique claro, se uma dos meus filhos se mutilar ou tirar a própria vida, do que Deus me livre e guarde, pois pai nenhum (nem eu) merece uma tragédia desta, a culpa não será da baleia azul ou do Netflix, mas sim minha que não percebi o que acontecia na minha própria casa e não cuidei adequadamente do bem mais precioso que Deus me deu, quando quis que eu fosse partícipe da sua criação.