Estava conversando com minha filha mais velha estes dias
quando a levava a um compromisso e ela
me perguntou o que significava “papa léguas”. Expliquei-lhe que esta expressão,
nome de um personagem de desenhos animados, significava algo como comer estrada
querendo dizer que andava muito.
Começamos, então, a falar do desenho que dera origem à
pergunta e sobre a eterna luta do Coiote em conseguir pegar o rápido
Papa-Léguas e transformá-lo em sua refeição. Falamos sobre as “frias” em que o
Coiote se metia em sua incansável busca, dos aparatos comprados junto à ACME,
dos seus planos mirabolantes, e, ao fim,
concluímos que ele nunca desistia. Acontecesse o que acontecesse, no dia
seguinte ele estava pronto a executar um plano infalível (que como sabemos
falharia) para atingir seu objetivo.
Larguei minha pequena em seu compromisso e segui meu caminho
pensando em nossa conversa.
Cheguei à conclusão
que o Coiote, apesar de seu objetivo nada nobre, é um exemplo de persistência,
constância, foco e fé!
Todo dia ele acorda e busca uma nova forma para atingir seu
objetivo: capturar o Papa-Léguas. O insucesso de ontem não o abala. A falha do
produto da ACME comprado ou o fracasso do plano executado no passado não o fazem
desistir. Apesar de tudo que aconteceu em suas tentativas e experiências
anteriores ele tem a esperança que o dia de hoje vai ser melhor e ele atingirá
seus objetivos. Para isto compra novos produtos ACME e bola novas estratégias.
Eu quero ser o Coiote!
Quero acordar de manhã e esquecer dos fracassos de ontem,
acreditar que no dia que surge eu serei melhor que no passado, que não perderei
o foco nos meus objetivos de vida e, ao fim da jornada, minhas metas serão
alcançados.
E se isto não ocorrer e eu fracassar novamente, não será cometendo os mesmos erros ou simplesmente
desistindo. Farei diferente. E no dia seguinte estarei pronto para a nova
batalha.
Quantas vezes iniciamos um projeto e, na primeira
dificuldade, desistimos esquecendo o que nos motivava e o quanto aquele
objetivo era importante para nós?
Quantas vezes, porque fracassamos em um momento de nossa
vida, pensamos que tudo está perdido e não vale à pena continuar?
Quantas vezes somos escravos de nossas decepções conosco
mesmo e de nossas frustrações, ficando enclausurados na nossa letargia e na falta
de força de vontade de levantar para recomeçar?
O Coiote pode ter todos os defeitos do mundo, mas jamais
poderá ser acusado de não saber o que quer, de não ter esperança e de desistir
de seus projetos!
Sob este aspecto, eu quero ser o Coiote!