Hoje tive uma longa e boa conversa com minha filha de 9 anos
pelo telefone.
Esta conversa teve como motivação inicial reclamação feita a
minha esposa de que ela estava se sentindo excluída de seu círculo de amigas
porque não tinha “Facebook”, uma verdadeira “maldade” de nossa parte.
Então, como me compete, ocupei um bom tempo de minha
atarefada manhã para conversar com ela e acudir minha esposa que me relatara o
episódio via SMS.
Esta questão foi muito simples de argumentar e penso que ela
entendeu, em que pese nossa troca ter desbordado para outros temas até mais
nobres quando se trata de educar os filhos, sendo o episódio bem salutar para a
família.
Voltando ao Facebook, meu primeiro argumento foi: nos “Termos
de Uso” desta rede social há expressa menção de que ela não se destina aos
menores de 13 anos. Além disto, ao fazer o cadastro nesta rede, este não será
aceito quando feito por crianças que não estejam na faixa etária adequada o que
será verificado através da data de nascimento informada.
Oh! Mas como as crianças menores de 13 anos conseguem
acessar o Facebook, então? Serão “hackers”? Serão superdotados que aos 9 anos
(idade das colegas de minha filha) conseguem entrar em um sistema desta
magnitude e burlá-lo? Sabemos que não.
A saída é a mais simples e antiga que existe: MENTEM! E o
pior, para mim pelo menos, que ainda tento preservar alguns valores em minha
casa, com o auxílio ou até por instrução dos próprios pais ou responsáveis.
Ah, mas é uma mentira que não causa mal nenhum! Será? Será que
o próprio incentivo à mentira não é o maior prejuízo? Será que relativizar o
valor da verdade e da honestidade (sim, é desonesto mentir) não é um mal em si
mesmo? E por que meu filho pode mentir para o Zuckerberg, mas não para mim?
São muitas questões que passam pela minha cabeça, mas, pelo
visto, não têm passado pela mente dos responsáveis por muitas crianças que, em
uma atitude contraditória, ajudam ou são coniventes com o filho na burla do uso
do Facebook, mas utilizam esta mesma rede social para postar frases como: “O que é errado é errado, mesmo que todos estejam fazendo!”,
ou “basta uma mentira para colocar em dúvida todas as suas verdades!”, apenas
para dar exemplos de frases sobre
caráter, verdade, ética etc, que são compartilhadas todos os dias no Facebook,
muitas por estes pais ou responsáveis.
Se você não sabe, as crianças percebem as contradições e
isto não é bom, nem para elas, nem para os contraditórios, nem para a família como um todo.
Não vou nem falar na questão de a criança com acesso livre
ao Facebook estar vulnerável a contato (virtual no início que poderá ser real)
com estranhos, ou a conteúdo inadequado a sua idade (violência, sexo etc) que
não pode ser bloqueado.
Enfim, fica aqui o relato! Não para que vocês pais ou responsáveis
eduquem seus filhos e expliquem a eles que mentir não é legal e que não
deveriam, antes dos 13 anos ter uma conta no Facebook, porque regras são para
ser cumpridas. Cada um educa os seus filhos para o futuro que deseja. Eu cuido
dos meus, vocês dos seus!
Para quem há muito já se convenceu que o comum não é,
necessariamente o correto, estas circunstâncias não surpreendem.
Ah! Não esqueçam de pedir, pode ser no Facebook mesmo
através de uma postagem bem legal, um país melhor, mais transparente, menos
corrupto no qual os políticos sejam verdadeiros, para um futuro melhor dos
nossos filhos!